jueves, mayo 21, 2009

Leonardo Gandolfi

b)

O vestido florido da mulher sorrindo

tremula lentamente contra o vento

O mesmo vento que derruba as folhas da árvore

ou as leva para perto das palavras de quem vê

Daqui o pássaro dilata a aorta

trazendo até a derradeira artéria

a lentidão com a qual ao fundo se trombosa

o aneurisma das coisas que perturbam

o vestido florido da mulher sorrindo



Tanto que em qualquer pessoa

ser no entanto e por favor

porque enquanto for

ressoa o corpo

antídoto dor

Na areia atrás do espelho

a barba feita deixa esta ferida


Seis e quarenta — o café esfria


É quando os hematomas vão surgindo

primeiro na treliça do armário embutido

depois no movimento de abrir a janela

Anterior — o tamanho do sol verte

no parapeito em úlcera e carbono

a parte fisiológica do céu

Por dentro o pássaro é pouso

e palavra

Só o líquido da espera

deixa que o cérebro reparta sem promessa

a cartilagem das orelhas

A mesma de tubarões

num mar a contrapelo

onde de trás pra frente e sobre

o vôo do pássaro se ossifica

suturando a paisagem

Embora dentro — aguarrás e bile

No hay comentarios: